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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"A TRAIÇÃO" - Carlos Rímolo.

Como uma vida exalando seu derradeiro suspiro num tórrido deserto,
Eu agonizava e morria ali, tão longe de você, mas tão perto,
Com meu corpo estremecido, semimorto, mas ainda de amor sedento!
Lágrimas deslizavam e molhavam a minha face doída em vão,
Dilacerados, esmagados, estavam moribundos minh’alma e coração,
Eu, agora perdido, ia aos poucos ali se esvaindo, morrendo!

Todo meu ser se remexia sofrendo a minha dor, impaciente,
Vagava a esmo pelas sombras, sem pensar, como um demente,
Sobravam apenas lágrimas perdidas que, trôpegas, iam sem direção,
Como uma jangada lançada à deriva na imensidão do ignoto mar,
Sem um porto seguro, por aquelas águas revoltas no seu triste navegar,
Como um cego que na busca da luz via a escuridão!

Pago um preço até baixo pela cretinice e impensável atitude,
Pois machuquei alguém que muito amava, no amor fui rude,
Agora morri para a vida, não tem volta, não adianta este chorar,
São lágrimas soltas e infelizes, de um ex-amante, um vil pecador,
Que abusou, não soube realmente amar, divulgou o desamor,
São feridas, graves feridas, que só o tempo pode cicatrizar!

sábado, 3 de janeiro de 2009

"O RIO MACAÉ" - Carlos Rímolo.

Gigante adormecido que sob os nossos pés, frágil esmorece,
Ferido em tuas entranhas, agoniza e pouco a pouco perece,
Herói dantes, cujas águas de remanso eram beijadas pelo luar,
Em tuas muradas, admirando-as, os enamorados faziam juras de amor,
Hoje tua luz se esvai e já não vemos aquele raro esplendor,
Apenas um semimorto em tuas próprias águas se afogar!

Lembranças, belas lembranças nos faz no tempo voltar,
Quando víamos marrecas selvagens, lépidas, ali aportarem,
Pescadores felizes e sorridentes com a fartura que então existia,
A coadjuvante fonte luminosa com a tua beleza a nos envolver,
Atraía-nos para as tuas inusitadas águas anunciando o anoitecer,
Num cenário de apoteose, de puros encantos e magia!

Hoje a tristeza assola teus admiradores em lamentos a chorar,
Lágrimas de saudades de um tempo que teima em não voltar,
Quando vemos dejetos intrusos em tuas doces águas a infectar,
Dizimando tuas energias, tua vida, provocando em todos, vil dor,
Volte para nós, ó meu doce rio, nós o queremos com ardor,
Renasça para a vida, viva e, não nos deixe mais sonhar!