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domingo, 28 de dezembro de 2008

"LIBERDADE" - Carlos Rímolo.

Quisera ser a doce brisa intrépida e fagueira a voar,
Ser as suas asas libertas no infinito céu a plainar,
Para tocar os cumes das grandes montanhas geladas,
Navegar pelos rios e, pelas pradarias livre correr,
Levando nessa minha viagem essa liberdade e viver,
Caminhar feliz e sem rumo por intermináveis estradas!

Sentir sob meus pés esse mundo de magia e encantamento,
De sonhos que nos envolve e nos causa deslumbramento,
Onde cada descoberta, cada passo nos leva à emoção,
Tendo atreladas em mim essas asas da doce brisa,
Que afoita e lépida por misteriosos e belos caminhos desliza,
Trazendo à minh’alma felicidades e contemplação!

Passear livre pelos céus, ver o sol e estrelas a brilhar,
Conhecer a beleza da noite e namorar o insólito mar,
Beijar as verdes folhas das palmeiras e feliz sacolejar,
Navegar nas águas remansas dessa minha imaginação,
Não deixando rastros do imaginário e ver em tudo razão,
Uma realidade d’alma que habita nosso ser, nosso coração!



quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"INUNDAÇÃO" - Carlos Rímolo.

O vento embravecido, raivoso, açoita o efêmero tempo,
Como fera ferida violentada naquele vil momento,
Da minha janela eu parecia um frágil animal assustado,
Vendo aquelas ferozes águas caírem sem contemplação,
Eram chuvas, fortes chuvas que lá fora molhavam a escuridão,
E eu, ali, como se estivesse preso a grilhões, enjaulado!

Chegava aos meus ouvidos o rugir forte e selvagem do trovão,
Que se propagava arrebatador naqueles céus em imensidão,
Já surgia também cortando os ares, o intrépido raio ameaçador,
E aquele cenário triste cada vez mais parecia ali aumentar,
Já não se via mais luzes nos postes, o mundo parecia enfim acabar,
Só nos restando agora em lágrimas rogar preces ao nosso Senhor!

Aquelas águas, agora rios de lama raivosamente a tudo arrastavam,
Sem dó nem piedade à mortalha multidões elas levavam,
Nas encostas dos morros os escombros mostravam a triste situação,
Daquela gente dantes alegre, ora sofrida pela vil catástrofe a chorar,
Suas perdas, suas vidas que mais agora poderiam almejar,
Com a sua alma ultrajada e ferida de morte no coração?

Três dias após, surgia um cálido sol detrás das nuvens negras, radiante,
Trazendo alguma esperança àquele povo naquele exato instante,
Onde alguns mais confiantes então foram tomados pelo choro da emoção,
Eu, com lágrimas nos olhos, compartilhava também daquela fugaz alegria,
Abraçava a todos, a toda aquela gente que, como eu, no fundo ainda sofria,
Que estava agora sorrindo com a alegria da esperança no coração!